quinta-feira, 10 de maio de 2018

A rua contra-ataca


Publicado por Luis Felipe de Oliveira Silva – Núcleo de Fenômenos Urbanos (NUFEU)

Franca segue a tendência dos demais municípios brasileiros e adota o uso de lombofaixas em larga escala. Mas seria essa medida suficiente para melhorar a segurança no trânsito? 

Foto de: Angelo Pedigone/Comércio da Franca

Segundo um estudo do Datasus, em 2012, o Sistema Único de Saúde(SUS) registrou 8.800 mortes de trânsito causadas por atropelamentos no Brasil. Mesmo que todo motorista de veículo automotor legalmente habilitado no Brasil deva realizar aulas teóricas e práticas onde são ensinados princípios básicos de segurança, condução, prevenção e cidadania, a realidade do dia-a-dia nos mostra como ainda devemos evoluir na formação de nossos cidadãos.

Não muito tempo atrás, Franca, a exemplo de outros municípios brasileiros, presenciou a repentina expansão das faixas de pedestres elevadas por suas ruas e avenidas, popularmente conhecidas como lombofaixas. Mal secaram os concretos recém instalados para que motoristas e pedestres dividissem opiniões contrárias e favoráveis à sua presença.

Inúmeras são as vezes que pessoas não conseguem atravessar em vias de trânsito muito carregado. Também não é incomum vermos, em vias de faixas múltiplas, veículos parados em uma delas, levando os pedestres a aguardarem no meio da via enquanto o fluxo continua normalmente nas outra faixas. Muitos motoristas se sentem acuados também de parar quando há muito trânsito. Além de extremamente desrespeitoso, é inseguro para todos.

As lombofaixas não acabam com esse problema, mas certamente diminuem. Observando pela cidade, vemos muito mais motoristas respeitando as faixas elevadas do que as comuns. Elas além de servirem como redutores de velocidade, proporcionam mais segurança na travessia, sendo acessíveis à deficientes e idosos.

Então onde está a controvérsia que tanto gera polêmica acerca das lombofaixas? Elas são caras. Podem chegar a custar mais que o dobro de uma lombada comum. Elas requerem mais manutenção. Se não bem sinalizadas, podem causar acidentes. Elas também necessitam maior cuidado na implementação. Dependendo da posição, podem causar o tombamento de veículos maiores como caminhões e ônibus de grande porte.

A solução então qual seria? E de quem cobra-la? De fato, as lombofaixas são medidas paliativas para uma situação crônica. Mas todos temos culpa a ser compartilhada. A prefeitura por não oferecer sinalização e fiscalização suficientes. Os motoristas pela propagação da cultura do desrespeito e falta de cidadania. E também os pedestres, estes por nem sempre respeitarem a sinalização e desconhecerem seus direitos e obrigações presentes no código de trânsito brasileiro (culpa dividida pela falta de informação e formação de cidadãos conscientes).


Todos sofremos e reclamamos com o problema, mas poucos se dispõe a serem parte da solução. A cidade, e tudo que há nela, é feito por pessoas e para pessoas. É nosso dever, assim como obrigação lutar para torna-la cada dia melhor.      

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