sexta-feira, 4 de maio de 2018

Política habitacional pode definir o destino das vítimas do desabamento do prédio em São Paulo e de outros moradores que se encontram sem moradia digna


Publicado por Felipe M. Luque - NUARB



  O edifício Wilton Paes de Almeida, que desmoronou no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, na madrugada do dia 01 de maio, após pegar fogo por causa de um curto-circuito em uma das tomadas de um apartamento no quinto andar, gerou uma grande repercussão nacional e internacional. O prédio era ocupado por 372 pessoas, 142 famílias, segundo o Corpo de Bombeiros. Ao todo, 320 pessoas foram cadastradas como desabrigadas após o incêndio e acabaram dormindo na rua, na madrugada do dia 02 de maio e enfrentaram frio, fome e furtos. Alguns recusaram a ir para abrigos porque disseram não ser moradores de rua e querem uma moradia fixa.

  De início, vale ressaltar que estamos diante de problemas sistêmicos que atingem a maioria das grandes cidades brasileiras e que exigem discussões que debatam necessariamente políticas urbanas, habitacionais de patrimônio cultural e de gestão dos bens públicos. Apenas na região central da cidade de São Paulo possui diversos edifícios irregulares com ocupações irregulares, ou seja, em situações semelhantes ao que sofreu desabamento. Com isso, foi realizada uma reunião dos três núcleos de pesquisa do nosso laboratório, o NUPLAN (Núcleo de Planejamento Urbano), o NUFEU (Núcleo de Fenômenos Urbanos) e o NUARB (Núcleo de Arborização), para que pudesse ser discutido sobre o acontecimento, achasse uma proposta atrativa para evitar eventualidades como essa e buscar uma solução para oferecer moradia digna para os desabrigados do desabamento.

  Uma proposta interessante para a melhoria da qualidade de vida desses desabrigados e de outros, e que causaria uma diminuição dessas ocupações irregulares, seria o “aluguel social” que viabiliza empreendimentos do poder público, destinando-os para habitações em benefício de famílias e da cidade, preferencialmente para famílias de baixa renda e/ou em situação de vulnerabilidade. O aluguel social é um benefício restrito em fase de planejamento, que oferecerá imóveis para alugar com valores reduzidos e designados para famílias carentes, combatendo assim o déficit habitacional, dando um uso a imóveis abandonados, os regularizando e gerando verba para o município fazer as devidas manutenções. Algumas cidades já adotaram iniciativas similares, inclusive em outras regiões de São Paulo se faz uso dessa proposta. A Holanda é um exemplo de país que utiliza o método do Aluguel Social e que o mesmo apresenta eficiência.

  Que esse desastre seja um marco para haver mudanças nas políticas públicas no sentido de promover o reuso e a conservação de edifícios públicos e privados, principalmente em áreas centrais da cidade, para prover moradias de qualidade aos munícipes.

    

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